05 fevereiro 2007
Referendo (3 de 7)
A minha filha viu recentemente na televisão um espermatozóide a nadar para o óvulo da mulher e disse de imediato:
- Olha pai, um girino.
Será que os defensores do ‘Não’ consideram que o espermatozóide ainda não é vida?
E a sê-lo, não deverá a masturbação ser algo punível?
E nesse caso o crime não será o genocídio, são logo uns milhões de uma mão só...
Mas se o espermatozóide não é vida, então é o quê?
Acho que estas discussões de onde começa a vida são tão estúpidas como a que tenta estabelecer uma fronteira entre a aplicação do ‘Boa tarde’ e ‘Boa noite’.
Até este referendo andava mais tranquilo, tinha mais certezas e agora fico sem saber o que chamar às coisas. Ainda no outro dia fui almoçar com o meu colega e pedimos bitoque à casa. O meu colega, de imediato disse:
- Mas o meu ovo é bem passado.
Após o empregado se ter afastado, perguntei-lhe:
- Gostas do teu pinto bem passado?
- Do meu pinto? Queres dizer, do meu ovo?!?
- Não, quis mesmo dizer pinto! Pensei que fosses pelo sim à vida, e um ovo pode ser um futuro pinto, correcto?
E sem dúvida que entre duas garfadas num qualquer crepe Chinês, e depois de ouvir tal comentário da sua boca, teria retribuído:
Oh minha grande besta, tás preocupado com o Pinto e vais comer um bocado de carne de um animal que não teve a "sorte" de haver uma lei de despenalização do aborto no mundo bovino?!
Depois disto, duas gargalhadas, chamavamos a empregada e diziamos: olhe, e o meu é mal passado!
Moral da historia - A chinesa nunca perceberia o que queriamos dizer e trazia-nos um shopsuoi de gambas.
Abração!
Se pensar-mos bem na historia do ovo, acho que deviamos prender os homens pelo genocidio de centenas com uma mão mas devemos prender as mulheres que deixam de fecundar o óvulo. Afinal, um óvulo é parte daquilo que será uma criança no futuro...
Um discurso absurdo mas infelizmente os movimentos pelo NÃO não andam muito longe...
Ou então pensam que as coisas são como antigamente, em que dava muito jeito a plebe ter muitos filhos que tiravam da escola após a quarta classe para trabalharem nas empresas dos senhores doutores. Isto até parece escrito por um homem de esquerda! :)
Mas não imaginam o nojo que me dá quando vejo aquelas criancinhas loirinhas e com penteados à betinho a cantar aqueles hinos anti-aborto...
São nestas épocas que me envergonho um pouco do meu país!!!!
Pensei que o que estava em causa era o poder discricionário que esta lei, caso venha a ser aprovada, confere a cada um para decidir sobre a vida ou morte de um ser tenha ele 1, 5 ou nove semanas e meia. E outra coisa, não há uns preservativos, umas pilulas, uns dispositivos, sei lá....Nunca entendo nada.
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